Fraquezas dos Clã - Brujah

Brujah

Os Brujah possuem uma grande tendência a sucumbirem ao frenesi.A fúria cega oriunda à Besta. Tal como a alimentação, o frenesi é outro dosprincipais aspectos na construção do horror em cima da personagem, pois é nofrenesi que o vampiro se revela como um verdadeiro monstro. A Besta se digladiacom a Humanidade do vampiro a cada oportunidade, sendo que a fraqueza dosBrujah oferece uma margem ainda mais para que a Besta busque tomar o controle.Certamente uma maldição dessa estirpe é um golpe severo para a imagem do clãque se diz como o dos “Reis Filósofos”. A racionalidade de tal título sempre sevê em cheque com o seu tempestuoso temperamento.

Falar sobre o frenesi é falar sobre a besta. A naturezada besta é um assunto delicado entre os membros, não é exatamente o assuntomais popular a ser levantado em uma reunião, ainda mais em uma reunião com osBrujah. Ainda que seja tratada levianamente como um clã de membros irritadiços,a verdade sobre a natureza agressiva dos Brujah é muito mais sombria, pois asua fraqueza não marca meramente uma tendência ao stress, mas sim que a finalinha que separa a sua consciência da besta é muito mais tênue devido ámaldição de seu sangue. Os Brujah são o clã mais próximo da Besta comparado aosdemais, ainda que os Gangrel sejam mais marcados por ela.

Interpretar esses aspectos numa personagem pode semostrar um tanto quanto mais complexo quanto o aparentemente demonstrado. Nãose trata meramente da personagem ser mais mal-humorada que o padrão, deve-sesalientar que isso se soma a tudo o que a não-vida cainita impõe ao Membro.Vampiros possuem a tendência de se fazerem isolados, ainda que periodicamentese socializem, sendo que esse traço predatório é uma marca bem distinta daBesta. Isso em um Brujah pode ser ainda mais acentuado, pois a pressão do convíviohumano – tal como vampiresco – pode o afetar de uma maneira bem mais aguda doque poderia afetar em vida. Provocações que antes passavam batidas podemarrancar um olhar animalesco do Brujah, situações entediantes podem deixar ovampiro mais arredio e até mesmo se deparar com alguma pessoa qual não gostepode deixar o Brujah numa postura bem mais agressiva.

Talvez essas coisas pudessem ser ignoradas em vida, masnesse estado de sua existência o que antes poderia cair como gotas no leito deum rio caem como pedras.

Interpretar essas pequenas coisas ajuda na complementaçãodo Brujah, pois mostra como a natureza predatória da Besta os afasta do convíviosocial e os carrega para a solidão. Assim como os Nosferatu, os Brujah apenasencontram solidariedade de sua situação entre os seus semelhantes. Ainda queisso não signifique que tal convívio se faz mais fácil. No mais, a construçãoda personagem com esses pequenos distúrbios certamente podem render cenasinteressantes se tratando de explorar o Ego da personagem tal como eventuais paranóias,já que a personagem é bem mais vulnerável às provocações do que os demaisMembros. E isso impõe um elemento extra na composição da personagem, a suacapacidade de lidar com esses violentos impulsos: auto-controle.

Mais do que uma singela virtude em sua ficha, o auto-controlepode ser uma parte fundamental na composição da personalidade do Brujah. Ainda quetenham tendência ao frenesi, não seria de se espantar que um Brujah busquefontes que o ajudem a lidar com a sua natureza bestial. Alguns encontram focose entregando às raízes do clã, através da filosofia e da contemplação de suanatureza monstruosa. Outros se aproveitam de sua tendência marcial e buscam disciplinaem vieses militares e até mesmo de artes marciais. Em suma, a luta dos Brujahcontra a sua fraqueza pode os levar justamente para as raízes que os elegemcomo os Reis Filósofos de outra era. Em resumo, para uma personagem, seria bomque o jogador definisse os seus pilares de estabilidade, podendo ser uma filosofiade vida, uma ideologia, auto-aperfeiçoamento, até mesmo pessoas queridas.Aspectos interessantes para se complementar o Brujah em sua interpretação, nãoque isso de fato torne controlar a Besta mais fácil, mas ao menos ofereceferramentas para tamanha tarefa.

Mas agora vamos pensar na personagem que de fato estásucumbindo à sua Besta. Que realmente não possui as ferramentas para lidar comseus impulsos assassinos. Não seria novidade para esse Brujah “apagar” e entãodespertar em meio à corpos mutilados (ainda mais se tratando de um clã quetenha Potência como disciplina fundamental), muitas vezes mal tendo idéia doque de fato aconteceu. Qual seria o tamanho do horror de encontrar os corpos deentes queridos em meio às suas vitimas? A Besta, no frenesi, sempre fala maisalto. Isto é, grunhe. De todo modo, um Brujah que eventualmente saia da linhapode cair numa espiral de degeneração cada vez maior, até que a Besta o tomepor completo. Isso sem contar dos problemas que brutais assassinatos trazem...Seja na forma de um caçador que teve a família assassinada pelo Brujah emfrenesi, seja pela imposição do Príncipe em simplesmente o deixar secar ao solpara que seus surtos homicidas não rompam mais tradições.

A Besta não é uma desculpa, mas sim uma responsabilidade.Um fardo ainda maior nas costas dos Brujah.

De todo modo, o Narrador também deve ter certaresponsabilidade quando assume o frenesi da personagem (não somente dos Brujah,é claro). Um Narrador pode usar isso como um interessante recurso narrativo...Digamos que o Narrador apenas tenha a tendência de descrever a personagemsucumbindo ao frenesi e então, logo em seguida, acordando e se deparando com osresultados de sua falta de controle. Certamente esse recurso funciona bem emjogos solo, criando de imediato um sentimento de horror na personagem quesimplesmente se transforma em monstro, e não tem a menor idéia do que fazentão, tendo que lidar com conseqüências quais nem saberia medir até ser tarde.No entanto, e quanto a Besta resolve tomar o controle da personagem na frentede um grupo? Como interpretar a Besta de uma personagem?

E se o próprio jogador interpretar a sua Besta?

Ainda que seja senso comum que o Narrador tome controleda personagem para evitar certos problemas, talvez seja interessante dar umachance para que o jogador se mostre como uma Besta eficiente (sem trocadilhos,por favor) e interprete um monstro de verdade. Uma coisa interessante sobre aBesta é que elas não precisam ser todas iguais, e quem melhor que o próprio jogadorpara inserir algumas peculiaridades em sua própria Besta? Tornar esse monstro omais único possível pode apimentar ainda mais a narrativa, ainda mais se ojogador não necessariamente sabe que deu essas pistas para o Narrador.

Digamos que aBesta possa ser o bom e velho “bicho-papão” que estraçalha e devora suasvitimas, mas talvez a Besta possa apresentar impulsos sexuais ou algum outrotipo de fetiche que se faz extremo nessa parte mais animalesca e sinistra deseu ser. Esses elementos podem tornar a Besta mais única, um monstro singular,que no próximo “apagão” da personagem (o jogador pode eventualmente tercontrole da coisa, mas nem sempre) pode deixar marcas da assinatura pessoal domonstro.

E então, como a personagem lidará com essa personalidademaligna que reside em seu interior e pode se apresentar mais refinada do queesperava até então?

Outros títulos da White Wolf podem dar boas inspiraçõessobre a natureza do Frenesi e da Besta em si. Lobisomem: O Apocalipse nos saúdacom o intenso “frenesi wyrm”, com elementos que vão do estupro até o canibalismo.Aparição: O Limbo nos brinda com o seu conceito de “Sombra”, que se mostra naforma de uma Besta muito mais refinada e interessante que, nas mãos de umNarrador inspirado, podem render uma concepção de Besta muito mais interessantepara as personagens da mesa. Muitas inspirações podem se fazer presentes nosmais variados veículos de entretenimento, talvez o Hulk possa ensinar muito aosBrujah como ter um monstro poderoso dentro de si pode levar ao isolamento e amuitos problemas, o filme (e também livro) Psicopata Americano (também uma ótimafonte de inspiração para os Malkavians) pode dar pistas de como pequenosimpulsos, ignoráveis até, podem se fazer nos Brujah gatilhos para um surto psicótico.No mais, fontes de inspiração sobre a dualidade de se ter um monstro em seuinterior que luta para sair a cada pequena oportunidade não faltam.

E como sempre é bom ressaltar, combinar essa maldição doclã com Defeitos (e quem sabe Qualidades?) pode render resultados fascinantes.Em suma, na hora de compor a personagem, talvez seja interessante tirar algunsminutos para pensar no monstro que reside em seu interior e talvez dar uma caraa ele, ainda que seja uma cara disforme e incompreensível. E esse trabalho deveser tanto feito pelo Narrador quanto pelo jogador. Ainda mais se tratando dosBrujah, visto que são o clã mais próximo à sua Besta que os demais.

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